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Cesta do Povo: Criada por ACM, falida por Paulo Souto, retomada por Wagner e vendida por Rui Costa.

A Ebal Empresa Baiana de Alimentos S/A, cujo nome de fantasia é Cesta do Povo, nasceu em 1979. Criada pelo governo do Estado da Bahia com o objetivo inicial de aumentar a oferta de produtos que compõem a cesta básica de forma a oferecer produtos mais baratos e em quase todo o território do Estado, através do aumento da concorrência comercial e se estabelecendo em localidades onde a iniciativa privada não se interessava, nesse período quase não existia redes de supermercados e os preços não eram competitivos.

Cesta do Povo: Criada por ACM, falida por Paulo Souto, retomada por Wagner e vendida por Rui Costa.

Embora essa seja a versão oficial da sua história, há comentários de que tal empresa teria sido criada pelo então governador Antonio Carlos Magalhães, para fazer concorrência à principal empresa do ramo supermercadista da época, o Supermercado Paes Mendonça, cujo dono ou acionista majoritário era o senhor Mamede Paes Mendonça, com quem ACM tinha uma rusga pessoal, por conta de possível não colaboração do empresário com o seu projeto político-partidário.

Seja por um motivo ou outro, é razoável admitir que a Cesta do Povo foi de grande importância social no momento da sua criação e por muitos anos foi responsável pela regulação dos preços e pela oferta de produtos em regiões menos desenvolvidas do Estado, cumprindo assim a sua missão original.

Cesta do Povo: Criada por ACM, falida por Paulo Souto, retomada por Wagner e vendida por Rui Costa.

Tal inserção estatal na economia baiana se deu a um custo considerado alto, pois não foram poucas as denúncias e os escândalos em relação à Cesta do Povo, que vão da sua utilização como cabide de empregos distribuídos generosamente (e até irresponsavelmente) pelos governantes (ressalvado os casos de realização de concursos públicos para a admissão de muitos funcionários), passando pela má administração da empresa, cujos principais postos de comando sempre foi ocupado por indicações político-partidárias, muitos sem nenhuma experiência no ramo e chegando, inevitavelmente, aos escândalos atinentes ao uso da empresa para todo tipo de malversação dos recursos públicos, conforme se pode ver nos arquivos de jornais e revistas ao longo da existência da empresa.

Das cerca de 300 lojas da Cesta do Povo, restaram 50, além de uma dívida com fornecedores estimada em mais de R$ 45 milhões. A desestatização atende ao projeto de reestruturação da administração pública estadual. “É preciso cortar na nossa carne”, disse o Governador Rui Costa ao falar sobre a necessidade de enxugar a máquina pública antes de assumir o Governo da Bahia.

Cesta do Povo: Criada por ACM, falida por Paulo Souto, retomada por Wagner e vendida por Rui Costa.

O atual perfil do varejo supermercadista baiano é concorrido, diversificado e atende à demanda dos consumidores em todas as regiões do estado. Atualmente, o capital social subscrito e integralizado da Ebal pelo governo estadual corresponde a cerca de R$ 830 milhões.

Falida na gestão de Paulo Souto, a Ebal foi recuperada pelo governador seguinte, Jaques Wagner, que acreditava na viabilidade da empresa. Mas no final de seu mandato, ele percebeu que seria melhor privatizar a rede.

Viabilidade –

Antes de analisar a viabilidade atual da empresa, é necessário que se faça a ressalva, pois trata-se de uma empresa que embora comercial, não se rege pela busca pelo lucro e sim pela análise entre o seu custo social e o fim a que se propôs e que, foi instituída para criar ou aumentar a concorrência e assim baixar preços e, adentrar regiões e cidades onde a oferta de alimentos e demais produtos da cesta básica era insuficiente ou inexistente.

Cesta do Povo: Criada por ACM, falida por Paulo Souto, retomada por Wagner e vendida por Rui Costa.

Fazendo uma análise sobre os dois principais pilares que justificaram a criação da Cesta do Povo, quais sejam: a questão de mercado e o abastecimento em regiões não servidas pela iniciativa privada.

Na época da sua criação, o comércio de gêneros alimentícios, produtos de higiene e de utilidades domésticas, comercializados por armazéns, vendas, quitandas e nos então recém-surgidos supermercados, ocorria com pouca e, não raro, nenhuma concorrência, o que elevava os preços e contribuía com a oferta de produtos de baixa qualidade e havia, além disso, muitas localidades em que a oferta de tais produtos era inexistente ou bastante precária.

Naquele momento histórico e econômico se justificava plenamente a intervenção estatal na economia, com a criação de uma empresa que tanto viesse a contribuir com a redução dos preços dos produtos, sobretudo daqueles que compõem a cesta básica e são destinados à população de baixa renda (certamente nasceu daí a denominação das lojas de Cesta do Povo), quanto na oferta desses produtos de melhor qualidade e numa área mais abrangente do estado.

Cesta do Povo: Criada por ACM, falida por Paulo Souto, retomada por Wagner e vendida por Rui Costa.

Do ponto de vista operacional, a Cesta do Povo sempre contou com uma certa complacência do governo e da própria sociedade relativamente à sua ineficiência administrativa, econômica e contábil por conta da sua importância no equilíbrio de mercado e da capilaridade territorial na oferta dos produtos, porque, mesmo a duras penas e a um relativo alto custo, alcançava-se a eficácia (fazia os preços baixarem e chegava aos mais longínquos recantos baianos).

Passados quase quarenta anos do surgimento da empresa, a realidade na oferta dos referidos produtos no estado da Bahia mudou – e para melhor.

Atualmente, principalmente na capital, nos médios e grandes centros há uma visível concorrência acirrada nesse ramo do comércio, seja pela chegada de grandes redes nacionais e multinacionais, como a Wal Mart, Carrefour, Pão de Açúcar e tantas outras, como pela infinidade de mercadinhos existentes nos bairros centrais e periféricos, com as bênçãos do governo através do incentivo à criação de micro e pequenas empresas e do empreendedorismo individual.

Cesta do Povo: Criada por ACM, falida por Paulo Souto, retomada por Wagner e vendida por Rui Costa.

Em muitas dessas lojas, sejam de grandes redes ou nos pequenos mercadinhos de bairro, não era fácil encontrar produtos com menores preços e com qualidade semelhante ou até superior aos oferecidos pelas quase 300 lojas da Cesta do Povo espalhadas pelo Estado à época.

No mesmo sentido, o interior também vem experimentando um crescimento importante na quantidade de micro, pequenas e médias empresas que aquecem o mercado local, ofertando tais produtos com preços bastante competitivos e com qualidade, diferentemente do período glorioso da estatal.

Conclusão –

Portanto, os dois pilares sobre os quais foram edificados as lojas da Cesta do Povo, atualmente não justificam a continuidade de uma gigantesca estrutura estatal de alto custo, acumulando prejuízos e consumindo anualmente um enorme volume de recursos públicos para tal mister.

As famílias com poder aquisitivo, classificadas como baixa renda tem o auxílio do programa “Bolsa Família” o que contribui para o fomento e injeção financeira nas comunidades, seja das grandes ou pequenas cidades do interior da Bahia.

Funcionários –

Outras questões subjacentes, que sem dúvida são muito importantes e merecem equilíbrio e responsabilidade na condução, como a existência de um imenso quadro de funcionários que contribuíram com a missão da empresa ao longo da sua existência e que precisam ter os seus direitos assegurados, mas que poderiam ser redirecionados para outras áreas carentes de pessoal para os quais se contrata provisoriamente através do REDA, principalmente da educação e na saúde.

Pequenos fornecedores –

Os pequenos fornecedores que se beneficiam com a colocação dos seus produtos nas prateleiras da Cesta do Povo, poderiam ser incentivados a migrar para as redes comerciais e para o fornecimento da merenda escolar fornecida pelas escolas públicas.

A Empresa Baiana de Alimentos (Ebal) foi arrematada por R$15 milhões em leilão realizado na manhã da quarta-feira(11.04.18) na Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE), no Centro Administrativo da Bahia, em Salvador. A informação é da assessoria do governo do estado, responsável pela venda da empresa.

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